A FLAUTA MÁGICA E A TERRA EM TRANSE


Em tempos de mudanças governamentais precisamos de um pouco de magia. Afinal, o país está em completo transe moral, o certo e o errado parecem não mais fazer sentido. A Ordem e o Progresso inscritos na bandeira do Brasil, parecem envoltos em mistérios. Mais misterioso do que jamais sonhou nossa vã filosofia, lembrando de Shakespeare. Lembrei-me também de Sarastro. Assim, por que não falar de Wolfang Amadeus Mozart? Gênio da música. Nunca é demais celebrá-lo. Nasceu em Salzburgo, em 27 de janeiro de 1756. Aos 4 anos, começou a estudar cravo. Com 5 anos tocou pela primeira vez uma peça ao piano, com 12 compôs uma pequena ópera.

 

O filme dirigido por Milos Forman, Amadeus, baseado na peça de mesmo nome, estreada na Broadway em 1979, do escritor americano Peter Shaffer, que adaptou o filme, reduziu o compositor austríaco a um singelo menino-prodígio, loiro, baixinho, irrequieto, brincalhão, um tolo sedutor. Apesar da caricatura a Papageno, o diretor tcheco premiou um público com música e com a encenação de Bodas de Figaro, Don Giovanni, Flauta Mágica... O filme ganhou 8 Oscars em 1984, incluindo melhor filme, ator, diretor e roteiro.

 

Mas, foi o diretor sueco Ingmar Bergman, diferentemente de toda sua obra, que trouxe uma encantadora versão para a ópera A Flauta Mágica. Ele filmou a peça teatral, com seus espectadores atentos, bem como suas expressões a cada estímulo auditivo e visual. A obra narra as duras provas a que tem que se submeter o príncipe Tamino e a princesa Pamina para entrar na Irmandade de Ísis e Osíris e juntos encontrarem a realização plena e a união ideal. O sacerdote, Sarastro ao unir Tamino e Pamina, canta: "Que de Ísis e Osíris a ciência divina desça ao jovem par, que com virtude e com paciência saibam as palavras enfrentar. A sorte seja-lhe clemente. Mas se tivessem que perder possam eternamente convosco a paz dos justos merecer."

 

Sarastro, pai de Pamina, representa o bom e justo governante, sábio sacerdote e amado por seus pares. A Rainha da Noite, mãe de Pamina, sedutora, representa as forças do mal, do obscuro, da inveja, da tirania e da subordinação moral.

 

No final da ópera, ressaltou Mozart, invocando Ísis e Osíris, a prevalência do bem: “De Ísis e de Osíris esta é a vitória que o mal derrotou. Dos céus resplandece a glória. A paz ao mundo voltou. No mundo triunfa pureza e saber. Vitória coroa de justo o poder.”.

 

O amor, a liberdade, a igualdade e a fraternidade emanam da obra. Esse é Mozart. É assim que, mais de 250 anos do seu nascimento, a obra do compositor austríaco continua grandiosa, o que nos faz refletir e continuar acreditando que um dia tudo pode mudar.


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