UM CAFÉ EM ARLES

 


Era 23/12/1888. A luz amarela dos três lampiões inebriava todo o lugar; amarelo que é a cor perfeita de um estilo essencialmente Vincent.

Um jogador aguarda um adversário, cadeiras e copos vazios, um casal permanece absorto na conversa, alheio aos bêbados que dormem ao lado, o relógio marca 0h15min.

Van Gogh estava passando por um período de grande instabilidade emocional com crises de depressão e ansiedade e a convivência com Paul Gauguin, com quem compartilhava a casa amarela, era marcada por tensões e desentendimentos.

Eu o aguardava.

Ele apareceu com um casaco esverdeado, chapéu azul, um grande curativo na orelha esquerda, o rosto afogueado possivelmente pelo consumo de absinto, sem barba, olhos saltados quase inexpressivos e o espírito dilacerado, por mais uma crise emocional.

Apenas dizia que havia assustado Gauguin, mas ele tinha necessidade de rever Paris. Deu-me um pequeno objeto embrulhado num lenço, com o bilhete que dizia: “Guarde com cuidado” e saiu.

Após, esse incidente sua obra torna-se intensa e expressiva, ele pinta ciprestes, oliveiras e paisagem local.

São desse período obras-primas como “The Starry Night”, “Passeio ao Crepúsculo” e “Amendoeira em flor”, dedicada ao único sobrinho.

Tempos depois, ele se suicida, deixa a vida para entrar nas nossas vidas.

 

Comentários

  1. Penso que autor é uma especie de médium, depois que escrevi esse conto imaginário com Van Gogh. E A descrição foi basicamente construída em cima de duas obras do Van Gogh: « Autorretrato com a Orelha Cortada » e « Um Café em Arles », que dá nome ao título, imaginação e história.

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