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Mostrando postagens de abril, 2025

O ÚLTIMO FADO EM LISBOA

  Parreirinha de Alfama, um encontro casual, loucos, ávidos, sensuais, um quarto de hotel na terra de Camões, dois anônimos, Carlos do Carmo, Barry White, Pink Floyd, Pêra-Manca,   na sala Sartre, na cama Sutra. Encontros noturnos, anônimos, entradas furtivas num quarto de hotel, a espera, o peito opresso, inebriados de desejo, paixão, o olhar que fala, sem saídas emotivas, sem flores, sem lágrimas... Sem descobertas, uma boca que se beija, sem nomes, sem identidades, namorados de Lisboa que o mistério não desvenda, apenas viver como se não houvesse amanhã.   Un bon vin Une bonne chanson Un homme Une Femme...   Ontem, ...partidas de xadrez, tensão, vin, l’amour ... Hoje, ...partidas de xadrez, tensão, vin, l’amour.. . Amanhã, ...não haverá .   Hiatos de realidade, findo, sempre apaixonados, mesmo que a tristeza doa, as feições esvanecem, um Atlântico, um adeus.   Nós sempre teremos Lisboa”  

PARIS É UMA FESTA, vi e vivi

Paris é, de fato um templo cujas portas estão abertas para quem se sensibilizar com a beleza, os valores civilizados e o prazer dos sentidos.   “Paris”, escreveu Henry James, ‘é o maior templo jamais construído para os prazeres materiais e a luxúria dos olhos”!   E os restaurantes e cafés parisienses exalam charme, são lugares cheio do histórias, bem mais que simples locais para comer ou beber, mas lembre-se que os bolsos ficarão consideravelmente mais leves depois da refeição.   La Coupole (102 Boulevard du Monparnasse) é sem dúvida o meu restaurante favorito e foi centro da vida artística e intelectual de Paris, frequentado por Sartre, Simone de Beauvoir, Camus, Picasso, Dalí, Edith Piaf, Hemingway, Henry Miller, Mário Vargas Llosa, Buñuel e tantos outros. Há uma linda escultura no centro do salão art déco que lembra “A Dança”, do Matisse, de 1910, mas na realidade é de Louis Debré.   Vitória de Samotrácia. Mona Lisa. Louvre. Já li que há tantos objet...

“CENTRAL DO BRASIL” - UM AUTÓGRAFO

  Sempre fui fã do Walter Salles e adorei “O Poeta dos Vestígios”, documentário sobre o Frans Krajcberg, sobrevivente do holocausto, ex-combatente soviético, militante ecológico, com uma obra excepcional produzida com madeira calcinada e fã de vila-latas. Inclusive, Walter Salles disse que sem Krajcberg não haveria “Socorro Nobre” ou “Central do Brasil”. Vale lembrar que “Socorro Nobre” serviu como fonte de inspiração para   “Central do Brasil” quando enviou uma carta da penitenciária, onde cumpria pena, para Frans Krajcberg. E, lá estava eu na estreia de “Central do Brasil”, ainda no Espaço Unibanco com um cartão no qual se lia “Ser ou não ser, eis a questão”, de William Shakespeare, quando avistei   Walter Salles, estendi o cartão, pedi um autógrafo, ele olhou o verso, olhou para mim e, eis que escreveu: “To be and not to be, eis a solução. Beijos, W.”. Ainda o guardo. Este é Walter Salles.  

A ARTE DE AMAR

  Caro leitor, rendo-me a esta história de amor.   A mítica história de Inês de Castro me faz lembrar “Romeu e Julieta”, de Shakespeare, “Tristão e Isolda”, de Richard Wagner, “Ruslan e Ludmila”, de Mikhail Glinka, “Abelardo e Heloísa”, bem como de Chah Jahan e Mumtaz-i-Mahal.   Inês nasceu na Galiza em 1320 ou 1325, fidalga descendente de família real por via ilegítima era prima de D. Pedro e veio a ser aia de D. Constança Manuel, filha de um descendente dos reinos de Aragão, Castela e Leão, prometida do príncipe de Portugal. Cabe registrar que o nosso D. Pedro I era, em Portugal, D. Pedro IV.   Inês veio com o séquito de D. Constança, e o amor proibido com D. Pedro logo se consumou, o que não foi bem visto por D. Afonso, que ordenou o exílio de Inês, mas não afastou o amor de ambos que continuaram a se corresponder.   D. Constança morreu ao dar à luz e D. Pedro trouxe Inês para a Quinta das Lágrimas, onde passaram a viver seu grande amor. O c...

O ANJO DE HAMBURGO

  Conheci uma neta de D. Araci, Vera Tess, que me desvendou um pouco dessa personalidade notável que foi sua avó Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa.   Vinda de uma família de classe média paranaense, aos 26 anos, separada e com um filho de 5 anos, ela resolveu partir para a Alemanha de Hitler. As razões que a fizeram tomar tal decisão ainda permanecem um mistério. A viagem era ainda de navio.   Após algum tempo, já com a necessidade de sair da casa de sua tia, irmã de sua mãe, conseguiu um emprego no Consulado de Hamburgo, como chefe da Seção de Passaportes. Era poliglota, falava português, inglês, francês e alemão.   À época os judeus eram considerados párias e o antissemitismo uma lei. Hitler fascinava o povo alemão, que parecia indiferente aos campos de concentração e à incineração em massa dos judeus, que não tinham direitos políticos, sociais, morais, não podiam sair do país, bem como o seu passaporte deveria conter o J em vermelho, designand...

A FLAUTA MÁGICA E A TERRA EM TRANSE

Em tempos de mudanças governamentais precisamos de um pouco de magia. Afinal, o país está em completo transe moral, o certo e o errado parecem não mais fazer sentido. A Ordem e o Progresso inscritos na bandeira do Brasil, parecem envoltos em mistérios. Mais misterioso do que jamais sonhou nossa vã filosofia, lembrando de Shakespeare. Lembrei-me também de Sarastro. Assim, por que não falar de Wolfang Amadeus Mozart? Gênio da música. Nunca é demais celebrá-lo. Nasceu em Salzburgo, em 27 de janeiro de 1756. Aos 4 anos, começou a estudar cravo. Com 5 anos tocou pela primeira vez uma peça ao piano, com 12 compôs uma pequena ópera.   O filme dirigido por Milos Forman, Amadeus, baseado na peça de mesmo nome, estreada na Broadway em 1979, do escritor americano Peter Shaffer, que adaptou o filme, reduziu o compositor austríaco a um singelo menino-prodígio, loiro, baixinho, irrequieto, brincalhão, um tolo sedutor. Apesar da caricatura a Papageno, o diretor tcheco premiou um público com...

SHAKESPEARE, UMA PAIXÃO

  Com efeito, se houvesse um Olimpo de escritores, com certeza, Shakespeare lá estaria obviamente com as reservas e intrigas pessoais e políticas que isso ocasionaria. Gênio. Não foi um bom drama apenas, que ele escreveu, mas várias peças geniais.  Quem nunca se emocionou as célebres obras “Rei Lear”, “Hamlet”, “Otelo”, “Macbeth”, “Henrique V”, “Mercador de Veneza”, “Falstaff”. Ou viu o tocante, sonhador e contemplativo príncipe dinamarquês “Hamlet” (1948), protagonizado e dirigido por Sir Laurence Olivier, lenda do teatro e do cinema como prestigiado intérprete de William Shakespeare; ou ficou fascinado com a surpreendente intimidade do herói-vilão “Ricardo 3º” (1955) também protagonizado e dirigido por Olivier, extremamente bem-humorado, e ao mesmo tempo violento, que deixava o público refém de suas cruéis e pérfidas maquinações para assumir o trono da Inglaterra. Ou um Henrique V, novamente protagonizado por Laurence Olivier, conclamando seus homens a lutarem com garra, col...

UM CINEMA DE ALMA

  Vi filmes incríveis no Cine Belas Artes: “Cidadão Kane”, de Orson Welles; “Apocalypse Now”, “Poderoso Chefão”, de Francis Ford Coppola; “Quanto Mais Quente Melhor”, de Billy Wilder; “Gritos e Sussurros”, de Ingmar Bergmann; “Morte em Veneza”, de Luchino Visconti; “A Noite”, de Michelangelo Antonioni; “Lúcia e o Sexo”, de Júlio Medem; “As Bicicletas de Belleville”, de Sylvain Chomet, “Paixão Selvagem”, de Serge Gainsbourg; “Medos Privados em Lugares Públicos”, de Alain Resnais ...  Minha relação com o Belas Artes intensificou minha paixão por filmes que remontam à minha infância, quando eu via, ria e revia os filmes do eterno vagabundo Carlitos com suas mímicas que pareciam desafiar todas as forças instituídas. Comecei a frequentá-lo assiduamente nos idos 1989. Na época, havia as livrarias 5ª Avenida e a Belas Artes, que era parada obrigatória, pré-sessão. Na primeira havia uma seção de artes, muito boa.  Realmente é um cinema muito querido, redundante tecer elogios dian...

XADREZ

  Estava observando uma partida de xadrez, na Livraria Cultura, ao lado da seção de Artes. Era a única presença feminina e loura entre os espectadores. K., que havia vencido a partida, perguntou se eu gostaria de jogar, e eu aceitei. K. era culto, todavia, parecia abduzido de Woodstock, óculos, cabelo comprido, grisalho, vários anéis, ficou envolvido com minha presença. Com o tempo você começa a estudar a linguagem corporal do adversário, sua movimentação ocular, desenvolve a capacidade de "ler" a mente das outras pessoas, o que não ocorre quando se joga com um computador.   Contou-me que o nome "xadrez" vinha da palavra persa shah, que significa "rei". Afirmou que, depois que os árabes invadiram a Pérsia, aprenderam com os persas o jogo do xadrez e levaram esse conhecimento quando invadiram a Espanha. Eu jogava com as brancas, uma vez que ele gentilmente cedeu-me a preferência. Saí com o peão do rei (P4R). K. falou, ainda, que as seis diferentes pedra...

NÓS SEMPRE TEREMOS PARIS

Relembre a cena: "Nós sempre teremos Paris", é assim que um carrancudo Rick Blaine (Humphrey Bogart) despede-se da amada Ilsa (Ingrid Bergman), em “Casablanca”, de Michael Curtiz (1942). Não há como esquecer, tampouco, da trilha sonora “As Time Goes By”, com a famosa frase de Ilsa: "Play it again, Sam". O amor ficou cravado no coração de cada um.   É Paris. Com suas passagens, galerias comerciais levando de uma rua a outra, cheias de lojas atraentes: Gucci, Chanel, Christian Dior, Louis Vuitton, Hermès, Lacoste, Guerlain; cafés, Champs Élysées, Louvre, Jardim de Luxemburgo, Tour Eiffel, Sena, Versailles, Notre-Dame... É assim andar a pé por Paris, cenário singular da vida moderna, parte do mito da Cidade Luz.   Capital do mundo, sua força criativa e inspiradora atraiu artistas icônicos de todas as partes: Manet, Degas, Cézanne, Gauguin, Van Gogh, Matisse, Renoir, Toulouse-Lautrec, Picasso, Modigliani... Impressionistas, loucos, ávidos, geniais. Todos viveram, produz...